A única solução para a fascite

Talvez achem o título presunçoso, especialmente quando se trata de algo tão comum, tão irritante e tão desesperado.

Mas é que, passados todos estes anos, as palavras pés e calçado são as que mais pronuncio no dia a dia.

Depois da chegada da IA, do Nike Air, do Adidas Boost, do Asics Gel.... e do facto de Elon Musk querer chegar a terça-feira.

E acima de tudo, depois de termos vivido descalços durante milhões de anos, agora, no nosso mundo avançado, algo tão "insignificante" como um pedaço de fáscia dá-nos tantas dores de cabeça.

É por isso que esta semana, como em muitas outras, um cliente habitual pediu-me uma solução para a sua fascite.

Alvaro, esse é o nome do cliente, tem usado ténis de corrida minimalistas durante 10 anos.

Correu bem, até fez várias corridas de 20 km com sucesso, mas algo aconteceu na sua vida e teve de ficar no hospital durante muito tempo.

Quando retomou a sua atividade, decidiu caminhar 10.000 passos por dia e foi aí que a fascite apareceu, apesar de estar a usar sapatos Merrell Trail Glove.

A solução que vos vou apresentar é a única que conheço e que funciona. Talvez existam outras, mas não as conheço.

Se conhecer uma solução diferente, agradecia que a partilhasse, pois há demasiadas pessoas que sofrem de fascite.

Dividi-o em 4 passos:

A primeira coisa é alinhar os dedos dos pés, especialmente o dedo grande, que é o mais importante para o pé.

Se estiver virado para o resto dos dedos, mesmo que seja só um pouco, mesmo que não tenha joanetes, o fornecimento circulatório ao seu pé não será de 100% e isso afecta a sua fáscia.

Não pense que afecta pouco, pelo contrário, afecta muito e foi por isso que a coloquei em primeiro lugar.

Portanto, a primeira coisa é alinhar os dedos dos pés e certificar-se de que todos eles estão apoiados no chão.

A segunda coisa é não colocar os pés em sapatos que apertem os dedos ou que lhes tirem a linearidade.

Não vale a pena endireitar os dedos dos pés se os vai calçar em sapatos estreitos, que terminam num ponto ou que levantam os dedos.

A linearidade ganha perde-se instantaneamente.

Em terceiro lugar, faça exercícios de mobilidade e de força para os seus pés.

Embora possam parecer básicos, são exercícios muito importantes que demoram muito pouco tempo a fazer. Com 10 minutos pode criar uma boa rotina. No final, deixo-vos um vídeo da minha autoria.  

Embora existam muitos exercícios, um que ajuda muito porque trabalha a musculatura interna do pé é o "pé curto", que também aparece na sequência do vídeo.

Sem dúvida, esta secção é a mais difícil, mas é uma das mais importantes.

Só tem de arranjar tempo e repetir o hábito várias vezes por semana.

Em quarto lugar, adapte a atividade que está a fazer à capacidade real dos seus pés.

Se for como eu, que sobrestimo a minha capacidade física, vai fazer mais do que os seus pés podem aguentar.

Especialmente se fizer algo repetitivo como correr na mesma pista ou terreno.

Por isso, não exagere e mantenha-se abaixo do que acha que pode fazer.

Por exemplo, Álvaro propôs-se a dar 10 000 passos por dia, mas deveria ter começado com um quarto, 2500 ou até menos, dependendo do seu ponto de partida, porque o ritmo também é um fator.

Não é a mesma coisa acumular 10.000 passos ao longo de um dia do que andar esse número de passos.

Se sair exclusivamente para caminhar, o seu ritmo será provavelmente mais elevado.

É preciso juntar a intensidade à quantidade. Estes são dois factores a ter em conta.

Bem, isto é o que eu sei que funciona. Se a sua fascite não desaparecer, pode utilizar esta receita ou continuar com gelo, anti-inflamatórios e repouso.

E sobre o calçado para estes casos, vou recomendar-lhe vários.

Como calçado fechado, se eu tivesse fasciíte seria este:

Lems Primal 2 ou qualquer outro sapato Lems.


Para sandálias com o cordão entre os dedos:

Zauri Centur, Enix 105 ou Pies Sucios Terra Zip.

E com um ajuste diferente:

Zauri Pandora e Xero Z-Trail EV para mulher (aqui) e para homem (aqui).


A saúde começa nos pés.

Antonio Caballo

Pd. O vídeo com os exercícios.